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Indígenas yanomami denunciam dificuldade de acesso à saúde e invasão de garimpeiros

Os relatos foram repassados para a Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), em encontro na comunidade indígena Maturacá

Denúncias foram realizadas no final de julho. Foto: Divulgação/Ayrca

Manaus (AM) – Indígenas do povo Yanomami, do Alto Rio Negro, denunciaram dificuldades encontradas na região, principalmente quanto ao acesso a saúde, abuso de álcool e exploração ilegal do território indígena por garimpeiros. Os relatos foram repassados para a Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), que visitou as comunidades no final do mês de julho. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (4).

O encontro aconteceu na comunidade indígena Maturacá, entre os municípios de São Gabriel da Cachoeira e Santa Isabel do Rio Negro (AM). A XX Assembleia Ordinária da Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (Ayrca) contou com a presença do Polo do Alto Rio Negro da DPE-AM.

Segundo a defensora pública Isabela Sales, que atua no Polo do Alto Rio Negro, a visita também faz parte dos trabalhos iniciados em junho deste ano, quando a Defensoria instaurou um Procedimento para Apuração de Dano Coletivo (Padac) a fim de investigar possíveis violações aos direitos fundamentais dos Yanomami nos municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos.

“Entre os principais problemas destacados por eles estão a reorganização do sistema de saúde, a criação de estruturas específicas dentro do Distrito Sanitário Especial Indígena para atender esse povo, porque eles possuem peculiaridades culturais diferentes de outros povos indígenas. Então eles precisam de tratamento diferenciado”,

explicou.

De acordo com a defensora, os Yanomami também denunciam falta de medicamentos e transporte adequados para conseguir atendimento médico em outras comunidades, água potável e vigilância territorial, uma vez que o garimpo ilegal tem invadido a terra indígena e trazido consequências como abuso de álcool e outras drogas, além da exploração sexual de menores.

Sales lembra que recentemente o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Corte Interamericana de Direitos Humanos determinaram a adoção de uma série de medidas para assegurar a proteção dos povos indígenas na Amazônia. “O nosso papel é o de acompanhar se essas medidas estão sendo tomadas, principalmente considerando que esses povos são extremamente vulneráveis e de recente contato. Por isso, viemos aqui para ouvi-los e encontrar formas de assegurar esses direitos”, disse ela.

A partir das demandas apresentadas durante a assembleia, em setembro, a Defensoria Pública vai retornar à comunidade para realizar um mutirão de atendimentos jurídicos, afim de resolver questões como curatela, certidão de óbito tardio e outros atendimentos.

Participantes

Além da DPE, participaram da assembleia diversas instituições como Exército Brasileiro, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Socioambiental (ISA), Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) do Alto Rio Negro e Yanomami e representantes dos operadores de turismo que atuam na região.

*Com informações da assessoria

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