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Bicho-do-coco

Tapurú comestível: conheça o gongo, ou bicho-do-coco, rico em proteínas

Além da farofa, o gongo pode ser servido como petisco acompanhado de bebidas, vinho ou sucos. Alguns restaurantes já usam a iguaria misturada à massa de cará roxo ou branco, batata, batata doce e macaxeira

Foto: Reprodução

Manaus (AM) – Uma das iguarias tradicionais do estado do Maranhão, a farofa de gongo contém alto teor de proteína e pode ser consumido frita ou até mesmo cru. A nutricionista Vanessa Pollari explica que, embora a comida seja tradicional em território maranhense, outras regiões também fazem uso da iguaria, como no interior do Amazonas, onde a utilização acontece como isca de pesca ou alimentação em treinamento de sobrevivência na selva.

O que é bicho gongo?

Popularmente conhecido como tapurú no Amazonas, é possível encontrar as seguintes nomenclaturas em outros estados: bicho-do-coco, gongo, congo, morotó e coquinho. O bicho é uma larva de besouro da família dos bruquídeos, que se desenvolve dentro do fruto de várias espécies de palmeiras, dentre elas, as mais comuns: de coco, babaçu, dendê e macaúba.

“Essas larvas são de formato arredondado e bastante gordinhas. Mesmo com aparência meio repugnante, são comestíveis, pois se alimentam principalmente das polpas dos cocos”,

afirma a nutricionista.

Embora seja terrível pensar que a larva seja um alimento para humanos, Pollari explica que, por seu alto teor de proteína, o gongo é consumido pelos guerreiros de selva nos treinamentos e situações de sobrevivência. No interior do Maranhão, costuma-se fritar os bichinhos e fazer farofas com farinha de mandioca – ou acrescentá-los ao arroz depois de fritos.

“Algumas pessoas acham nojento, mas na verdade essas larvas são limpinhas porque elas são geradas dentro dos bagos do coco”,

diz a nutricionista.

Vanessa Pollari comenta que a larva pode fazer parte da dieta de pessoas que queiram se deliciar do alimento moderadamente, porém, no Amazonas, principalmente na capital Manaus, muitos não conhecem ou têm aversão ao alimento por causa da aparência do bicho.

“Particularmente, eu não colocaria o alimento [à dieta] porque tem muita gordura e pode não ser saudável se consumido somente com farinha. As pessoas também têm nojo. Mas tem a questão cultural, como no estado do Maranhão, onde são muito conhecidos por fazer a farofa salgada (farinha, gongo e sal) e a doce (farinha, gongo e açúcar). Mas seria mais saudável se fosse consumido com salada por ser uma boa complementação de proteína”,

relata.

Além de frito ou cru, o alimento pode ser feito assado como espeto. Foto: Reprodução da internet

Como preparar a farofa de gongo

Para iniciar a receita, depois de tirar o gongo do caroço de coco, pegue as larvas e limpe em água corrente ainda vivas. Após a lavagem, coloque em uma panela para fritar sem nada de óleo. Por possuir alto teor de proteína, o gongo tem gordura saudável, da mesma forma que a gordura de porco.

Deixe fritar até atingir o ponto desejado e escorra todo o óleo. O óleo pode ser usado para temperar outras refeições. Acrescente farinha de mandioca ou arroz, adicione sal a gosto e sirva.

Além da farofa, o gongo pode ser servido como petisco acompanhado de bebidas, vinho ou sucos. Alguns restaurantes já usam a iguaria misturada à massa de cará roxo ou branco, batata, batata doce e macaxeira, que são receitas herdadas do povo indígena Paiter Suruí, que vive nas regiões de Rondônia (RO) e Mato Grosso (MT).

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