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SKATE EM MANAUS

Skatistas contam histórias de superação por meio do esporte em Manaus

Bom para o corpo e para a mente, a modalidade atende quem procura diversão, prática esportiva ou simplesmente um meio de locomoção

Edição: Ítalo Melquíades

Manaus (AM) – Uma das práticas esportivas mais divertidas e radicais do mundo, o skate, foi criado por surfistas que não queriam ficar parados quando o mar estava sem ondas.

Visando estimular a prática do esporte e de outros programas, como o “Manaus Esportiva”, o complexo turístico Ponta Negra, localizado na zona Oeste da capital amazonense, passou por reformas nos espaços do Skate Park e academia ao ar livre. As obras foram executadas pela Subsecretaria Municipal de Juventude, Esporte e Lazer (Semjel).

A tradicional pista de Skate Park da Ponta Negra também recebeu grafismos com o objetivo de dar mais vida e colorido ao espaço, proporcionando um ambiente aconchegante a quem o visita. A reportagem do Em Tempo esteve no local para conversar com os praticantes do esporte que frequentam a pista de skate e saber mais sobre a prática da modalidade.

O funcionário público, Tommy Elton Maquiné, de 44 anos, iniciou a prática do esporte aos 14 anos, deu uma pausa e retornou aos 35 anos. Além disso, ressalta que a cada momento em que põe os pés no skate é como se o fizesse revisitar o passado.

Bom para o corpo e para a mente, a modalidade atende quem procura diversão, prática esportiva ou simplesmente um meio de locomoção, de crianças a adultos. Os benefícios da prática envolvem a melhora da coordenação motora e equilíbrio; desenvolvimento da flexibilidade; alívio de estresse, ansiedade e depressão e adoção de estilo de vida mais saudável.

Skatista Tommy Maquiné – foto: José Airton

“Voltei a andar de skate por recomendações médicas, que sugeriram que eu adotasse algum hobby ou alguma prática esportiva, mas queria algo que realmente fizesse com que eu me sentisse realizado. Aí me apaixonei novamente pelo skate que é algo que faz bem para a saúde física e mental”, ressaltou.

Para Tommy, skate é como um “vício”. Considerado um estilo de vida para quem é adepto da prática, o skatista destaca que o esporte é como um combustível para a própria vida e que se pudesse, praticaria 24 horas por dia.

“Você leva para a sua vida algo que traz benefícios para o seu corpo, saúde e outros fatores da sua vida pessoal, pois, por meio desse esporte, você conquista parceiros que vai levar para toda a vida”, disse.

O skate se tornou um esporte Olímpico na Tóquio 2020. O evento foi realizado em julho de 2021, com um ano de atraso, por conta da pandemia de Covid-19. Ver os skates rumo ao Japão foi uma conquista para a comunidade praticante deste esporte que ainda sofre muito com o preconceito.

“É espetacular ver o esporte ser reconhecido dessa forma. Mas não podemos esquecer que o skate e os skatistas tem a rebeldia como fator principal e um estilo de vida. Não podemos nos prender ao que as Olimpíadas podem trazer como resultado para nós, sempre devemos estar atentos e nunca ‘serventes’ a esses grandes eventos”, comentou.

Frequentador da pista de Skate Park da Ponta Negra há mais de 1 ano, o skatista avalia a qualidade da pista oferecida pela Prefeitura de Manaus como um “padrão olímpico”, mas também dá dicas para que seja ofertado um melhor serviço para os praticantes.

Passando por um processo de se tornar ex-dependente químico, Ronaldo Vieira Cavalcante, de 41 anos, enxerga a prática da modalidade como uma válvula de escape para deixar os vícios. Praticante da modalidade desde os 8 anos, passou um tempo parado e agora retornou com a prática esportiva por incentivo do amigo de longa data, Tommy Maquiné.

“A gente entende que o esporte é uma das melhores saídas desse uso e abuso das dependências químicas e desse submundo. O skate, querendo ou não, traz para mim e acredito que para muitos outros, a escapatória para a ansiedade que, geralmente, nos leva para a dependência química”, explicou.

As práticas esportivas para o viciado químico em tratamento são benéficas também para a sua socialização e para os ótimos efeitos derivados dos exercícios aeróbicos – como caminhada, bicicleta, natação, entre outros – e das atividades não aeróbicas como musculação, exercícios localizados, Yoga e alongamento. Porém, Ronaldo ressalta que não é a única alternativa.

“Não estou colocando o skate como a solução da dependência química, mas o esporte como uma das possíveis soluções. O skate, como é meu esporte de preferência, tem sido de extrema importância para essa nova caminhada de vida”, destacou.

Skatista Ronaldo Cavalcante – foto: José Airton

Dentre os benefícios, o skatista pontua que voltar a enxergar a vida de um ponto de vista positivo foi uma das que mais sentiu.

“O dependente químico abandona tudo, casa, família, trabalho, estudo e ele abandona completamente tudo o que é social. Quando tu voltas para esse âmbito social por meio do skate, acredito que passa a enxergar novamente tudo o que realmente é importante. Além disso, o skate te traz um novo condicionamento físico, uma centralidade psíquica e passa a ter uma motivação para continuar caminhando”, destacou.

Além disso, não poupou palavras ao agradecer o incentivo que recebeu do amigo Tommy.

“Devemos isso sempre a amigos. Costumamos a dizer que amigos são más influências que podem te lavar para coisas ruins, mas foram amigos como o Tommy que me trouxe de volta para andar de skate. Devo muito isso a ele. Somos irmãos há muitos anos e acredito que temos mais coisas boas a contas. Ele sempre acompanhou de perto esse meu processo nos momentos mais difíceis e de diversão como hoje”, pontuou.

Usufruindo da pista há 1 ano e meio, o skatista destacou que a experiência tem sido a melhor por compartilhar ao lado de amigos. Por fim, convidou a população manauara a visitar a pista Skate Park da Ponta Negra.

“A pista tem sido um lugar bem legal, a experiência é muito boa. Estar com amigos nessa família é uma das coisas mais importantes para um skatista. O skate é isso, é para crianças de 5 anos para os mais velhos, como eu, de 40, 50 anos ou mais. Convido a todos para virem conhecer a pista, os nossos amigos e a família skateboard”, finalizou.

A modalidade, que surgiu na Califórnia (EUA) ao longo da primeira metade do século 50, é uma ótima opção para quem busca desenvolver equilíbrio e atividade.

Arte: Ítalo Eiclídes

Edição e pauta Web: Bruna Oliveira

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