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Dia Internacional da Mulher

Profissão de risco: mulheres enfrentam perigos no trabalho em Manaus

No Dia Internacional da Mulher, o Em Tempo exalta a força feminina mesmo em profissões de risco. Juliana Viga, delegada, e Maria Salete, profissional de limpeza pública, são exemplos para as mulheres

Delegada e profissional de limpeza pública são exemplos. Foto: Reprodução

Manaus (AM) – O avanço da conquista dos direitos das mulheres ocorreu após anos de lutas e reivindicações. Entre os ganhos advindos de tantas manifestações, intensificadas no século XX, o direito ao trabalho foi um grande marco, que possibilitou a independência feminina. Com ocupações em diversas áreas de trabalho, as mulheres passaram a atuar, inclusive, em atividades permeadas por riscos e que necessitam de cuidados.

A ocupação de mulheres no mercado de trabalho advém de numerosas reivindicações, que também demandavam de outros direitos. Assim, com o objetivo de celebrar os ganhos de direitos femininos e fomentar reflexões sobre como essas garantias foram conquistadas, a data do 8 de março foi estabelecida pela União das Nações Unidas (ONU), em 1975, como o Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta terça-feira (8).

Nos dias de hoje, a presença da mulher em tantos campos do trabalho é uma vitória. Ao mesmo tempo, os desafios são constantes, ainda mais nas profissões que compreendem riscos e perigos. As trabalhadoras precisam, principalmente, enfrentar casos de machismo no ambiente de trabalho.

Ameaça de morte

Constantemente, a delegada Juliana Viga presencia diversos crimes contra menores de idade na capital amazonense. Atuante na Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), Juliana afirma que um dos principais desafios durante o trabalho é precisar lidar com algumas questões que vão além do que a profissão exige.

Juliana trabalha há 11 anos como delegada. Foto: Acervo pessoal

Afinal, muitas ocorrências são altamente sensíveis, como casos de crianças abusadas sexualmente ou que foram vítimas de agressão familiar. Assim, a delegada precisa intermediar nos casos por meio de habilidades presentes em outras profissões.

“A gente tem que ser uma psicóloga, um pouco advogada, um pouco conselheira, porque nós nos deparamos com muitas situações que envolvem famílias, e algumas delas são famílias desestruturadas. Então, mesmo quando a gente atua em um procedimento criminal para apurar e apontar a responsabilidade do autor do crime, nós temos que, às vezes, dar uma solução para um problema intrafamiliar que foge um pouco da nossa atribuição”,

diz a delegada.

Em uma das ações do trabalho, Juliana já passou por perigo de vida. Durante a prisão de um criminoso que estava sob efeito de álcool e de drogas, a delegada foi alvo de ameaças de morte.

“Na hora, ele disse que eu deveria ter cuidado por onde eu andasse, porque ele poderia me encontrar em algum lugar”,

lembra a delegada.

Além dos riscos que envolvem o contato com bandidos de alta periculosidade, Juliana também lida com comentários e comportamentos machistas no ambiente de trabalho.

“Já aconteceu de homens me desrespeitarem e diminuírem o meu trabalho por eu ser mulher e mais nova, e eu sempre faço a reprimenda necessária. Eu já tive que mover ação penal contra a pessoa por ela ter extrapolado dos limites. Então, eu sempre faço valer o meu direito de autoridade policial”,

explica a delegada.

Afogamento

A dona Maria Salete Pinto possui 27 anos de experiência na área da limpeza pública em Manaus. Hoje, aos 72 anos, trabalha no cultivo de plantas do viveiro e, ao longo de sua trajetória na profissão, já passou pelo setor da capinação, varrição e limpeza de igarapés.

Maria Celeste trabalha hoje no cultivo de plantas. Foto: Semulsp

De acordo com Maria Salete, um dos principais riscos na sua atual profissão é o contato com os diversos insetos que habitam as plantações do viveiro. Apesar de não ter se machucado, outros colegas já apresentaram reações alérgicas por picadas de insetos. “Meus colegas diabéticos são os que estão no grupo de risco”, diz Maria, que trabalha no cultivo de plantas até mesmo em dias de chuva, onde a terra fica atolada de lama.

Mas as maiores dificuldades que Maria precisou enfrentar foram aquelas que aconteceram no período em que ela trabalhou na limpeza de igarapés. Um dos problemas que dona Maria enfrentou foi a falta de habilidade em nadar.

“Trabalhar no igarapé é complicado, porque eu não sabia nadar, tinha vezes que a gente utilizava as boias entre as pernas, uns pedaços de isopor ou garrafa pet. A gente também tinha receio de passar por um pedaço de terra no igarapé que afundava”,

conta Maria Salete.

Para Maria, um episódio que marcou sua vida foi quando quase se afogou no igarapé ao pisar em solo movediço, na Nova República. “Eu estava com a boia entre as pernas, por isso não cheguei a afundar”, lembra Maria.

“Mesmo com todas as dificuldades, eu gostava de trabalhar com os meus colegas, que deixavam nosso trabalho mais divertido”,

finalizou Maria.

Edição: Leonardo Sena

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