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Aedes Aegypti

Problemas ambientais e de infraestrutura nas cidades propiciam o aumento da dengue

No Brasil alguns fatores que contribuem para o aparecimento e a gravidade da doença são as condições climáticas

Manaus (AM) – Os casos de dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, têm aumentado nos últimos meses, em todo o país. No Amazonas, conforme dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), de 01º de janeiro até 07 de março, foram confirmados mais de 2,5 mil casos da doença.

Mais do que uma questão de saúde pública, dengue é também um problema ambiental e de infraestrutura das cidades, afirma o biólogo e embaixador do Instituto Lixo Zero no Amazonas, Daniel Santos.

Ele ressalta que, no Brasil, alguns fatores que contribuem para o aparecimento e a gravidade da doença são as condições climáticas, com temperaturas elevadas e chuvas frequentes. Além disso, a urbanização rápida e desordenada, principalmente com a ausência de saneamento, colabora com a presença de áreas com acúmulo de água, facilitando a reprodução do mosquito.

Daniel Santos explica que, por muito tempo, os pesquisadores acreditaram que os ovos do mosquito Aedes Aegypti só eclodiam em água limpa, mas depois descobriram que também se desenvolvem em água suja. 

“Associado a questões estruturais das cidades, como falta de tratamento de esgoto, de drenagem de água da chuva e de coleta e descarte adequado dos resíduos, isso pode contribuir, sim, para a disseminação da doença”,

destaca.

Segundo ele, a conscientização da população sobre medidas preventivas e a implementação eficaz de estratégias de controle são essenciais para reduzir a gravidade da doença no Brasil. É fundamental adotar medidas básicas preventivas, como eliminação de criadouros que possam acumular água parada; limpeza e fechamento correto de caixas d’água; uso de telas (mosquiteiro) e de repelentes; utilização de calças e camisas de manga longa, principalmente ao amanhecer e entardecer, períodos mais ativos do mosquito; descarte adequado do lixo, evitando que acumule água; e evitar o excesso de água em vasos e “pratos” para plantas. Também é importante, diz ele, ajudar a conscientizar familiares, amigos e vizinhos, para que adotem ações de prevenção.

Controle biológico 

Outra alternativa para redução dos casos de dengue é o controle biológico dos mosquitos. De acordo com o biólogo, os animais podem ajudar a controlar as larvas do mosquito Aedes aegypti, entre eles, destaca-se o peixe conhecido como “guppy” ou “lebiste”. 

“Esses pequenos peixes têm uma preferência por larvas de mosquitos na sua alimentação”,

frisa Santos.

Além dos peixes, algumas aves, como galinhas, também consomem larvas de mosquitos. 

“No entanto, é importante notar que a introdução de peixes ou outros animais em ambientes aquáticos deve ser feita com cuidado, para evitar perturbações nos ecossistemas locais. Programas de controle biológico devem ser conduzidos de maneira responsável e em conformidade com as regulamentações ambientais”,

alerta.

Teste rápido 

O Ministério da Saúde passou a recomendar o uso de testes rápidos para diagnóstico e fechamento de casos de dengue. De acordo com a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, foi elaborada uma nota técnica para orientar estados e municípios sobre o uso de testes rápidos para dengue.

“Já iniciamos a compra para distribuição”, disse Ethel, em entrevista coletiva. A secretária lembrou que outros testes para diagnóstico de dengue, como o RT-PCR, amplamente utilizado durante a pandemia de covid-19, são mais sensíveis na detecção do vírus. Entretanto, em meio à explosão de casos de dengue no país, o Ministério da Saúde decidiu recomendar teste rápido para o diagnóstico de dengue com a devida orientação aos profissionais de saúde das redes estaduais e municipais.

De acordo com a coordenadora-geral de Laboratórios de Saúde Pública, Marília Santini, o teste rápido recomendado pelo ministério deve ser realizado entre o primeiro e o quinto dia de sintomas, período em que a maioria dos pacientes busca um serviço de saúde. Mesmo em casos de resultado negativo, o paciente deve ser monitorado e ações estratégicas, como a hiper-hidratação, devem ser adotadas, reforçou.

Ainda segundo Marília, para casos graves e mortes suspeitas por dengue, a orientação da pasta permanece sendo a realização de exame laboratorial, e não do teste rápido, uma vez que este tem limitações, como a incapacidade de rastrear o sorotipo de dengue que causou o agravamento do quadro ou o óbito do paciente.

Autoteste

Marília confirmou também tratativas com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para comercialização de autotestes para dengue no Brasil. A informação foi antecipada pelo diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, em entrevista ao programa A Voz do Brasil, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

“Tivemos duas reuniões com a Anvisa”, disse Marília, ao detalhar que o teste rápido e o autoteste são essencialmente o mesmo dispositivo, sendo o primeiro é conduzido por um profissional de saúde e o segundo, pelo próprio paciente.

Marília lembrou que, diferentemente do cenário de covid-19, em que o autoteste contribui para interromper a transmissão do vírus por meio do isolamento, o autoteste de dengue não contribui nesse aspecto, já que a doença só pode ser transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. “A gente ainda está iniciando uma discussão técnica.”

*Com informações da assessoria

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