Luta feminina Dia da Mulher: Amazonas tem 500 mil pessoas atrás de dignidade menstrual Em celebração Dia Internacional da Mulher, o EM TEMPO lembra a luta feminina por uma sociedade mais justa e igualitária EM TEMPO - 03/03/2024 às 08:0001/03/2024 às 18:57 Manaus (AM) — O dia 8 de março é marcado pelo Dia Internacional da Mulher, uma data que celebra o reconhecimento e fortalecimento do feminismo — e, portanto, da luta por uma sociedade mais justa e igualitária. Em 2024, a data também marca o primeiro ano do Programa Dignidade Menstrual, que atua para promover a saúde e bem-estar de quem menstrua e dar oportunidade para acessarem espaços sem restrições. No Amazonas, a população em situação de vulnerabilidade pode retirar absorventes gratuitos em 69 farmácias em 16 municípios. A estimativa é que o programa alcance 517 mil mulheres no Estado. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que uma em cada dez meninas falta à escola durante a menstruação. Além disso, 48%, isto é, quase metade destas, tentou esconder que o motivo foi a falta de absorventes. Conforme especialistas, o combate a pobreza menstrual tem impactos diretos na vida das mulheres e meninas, especialmente, no que diz respeito à educação e ao emprego. Saúde pública “Quando a mulher precisa escolher entre comer, alimentar os seus filhos, ou comprar um item de higiene pessoal, é óbvio que ela irá optar pela alimentação. A distribuição de absorventes gratuitamente iria reduzir significativamente o impacto na saúde pública, visto que muitas mulheres acabam sendo internadas por causa de problemas decorrentes da pobreza menstrual”, explica a ginecologista endócrina, doutora Maíra Marques. Segundo a médica, a distribuição dos absorventes por meio do Programa de Dignidade Menstrual pode reduzir o impacto na saúde pública, por promover mecanismos para a mulher atuar na sociedade livremente. “A pobreza menstrual também afeta a saúde mental das pacientes. E muitas delas acabam sofrendo algum tipo de discriminação também”, relata a especialista. Ciclo de pobreza A médica ginecologista, especialista em estética genital, Elis Akamy, aponta que a deficiência no acesso aos produtos de higiene, pode causar, não apenas, um risco à saúde da mulher — em caso de infecções urinárias e vaginais, como também existe um impacto socioeconômico, aumentando o índice de evasão escolar. “Além de impacto socioeconômico, pois aumenta a evasão escolar, com isso perpetuando o ciclo da pobreza, pois vai impactar na possibilidade de emprego. Menos estudo e menores oportunidades de emprego”, explica a ginecologista. A falta de acesso aos produtos de higiene pessoal, como absorventes íntimos ou coletores menstruais, pode induzir mulheres a recorrem a materiais nocivos à saúde. “As consequências de não se ter acesso aos produtos de higiene pessoal, tais como absorventes íntimos ou coletores, é que as mulheres podem recorrer a materiais não adequados tais como jornais, miolo de pão ou reutilizar os absorventes”, comenta. Impacto no Amazonas Em Manaus, o gerente da Drogaria Pajé Farma, João Machado, participante do Programa da Dignidade Menstrual, considera a ação muito importante, pois, segundo ele, promove saúde para as pessoas de baixa renda, pessoas em situação de rua, bem-estar, conscientização das pessoas, principalmente das mulheres. “No meu entender, o Governo Federal está promovendo saúde para as pessoas de baixa renda, pessoas de rua, bem-estar, conscientização das pessoas, principalmente das mulheres, e vão ganhar gratuitamente absorventes e higiênicos. Então, para a dignidade da pessoa, da mulher, isso é muito importante”, defende Machado. De acordo com o gerente, apenas na Drogaria Pajé, cerca de 2 mil mulheres já foram atendidas. Ele explica ainda que, apesar da farmácia ser localizada no bairro Santo Antônio, Zona Oeste de Manaus, pessoas de outras regiões procuram o estabelecimento. “Teve muita procura nessa faixa etária de idade [10 a 49 anos]. A gente não deixa faltar esse item, sendo de grande importância para as mulheres”, completa o gerente. Pobreza menstrual A pobreza menstrual pode ser entendida e interpretada a partir de diversas óticas. O termo define uma deficiência no acesso aos serviços e itens essenciais para a garantia de uma saúde menstrual. De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a pobreza menstrual é identificada a partir de alguns pilares: falta de acesso a produtos adequados para o cuidado da higiene menstrual, ausência de banheiros seguros e, até mesmo, questões envolvendo saneamento básico e carência de serviços médicos. Em 2021, a UNFPA e a Unicef, publicaram um estudo onde foram apurados dados alarmantes sobre a dignidade menstrual e a disparidade de algumas realidades sociais presentes no Brasil. Segundo a pesquisa, cerca de 713 mil meninas (4,61% do total) não possuíam acesso aos banheiros em seus domicílios e 88,7% delas, mais de 632 mil meninas, vivem sem acesso a sequer um banheiro de uso comum no terreno ou propriedade. Ainda segundo o estudo, as chances das meninas do Norte de não terem um banheiro de uso exclusivo dos moradores é de 33 vezes em relação à região Sudeste. 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