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retrospectiva

Desastres ambientais e piora na educação marcam o Brasil em 2023

Fim de 2023 está chegando e, com ele, a reflexão sobre o que aconteceu nos últimos meses

Ondas de calor cada vez mais intensas, seca nos rios, chuvas e tempestades constantes na região Sul, educação a baixo da média, o ano de 2023 chega ao fim com a confirmação que 2023 foi o ano mais quente em 125 mil anos, superando em 1,4ºC os níveis pré-industriais, segundo a Organização Meteorológica Mundial. 

Os países ricos tiveram uma queda histórica de desempenho no exame, que avalia os estudantes em matemática, leitura e ciências. O Brasil, no entanto, foi menos afetado do que o resto do mundo. Porém, a educação continua abaixo da média dos outros países.

O fim de 2023 está chegando e, com ele, a reflexão sobre o que aconteceu nos últimos meses. Para manter uma perspectiva sobre os acontecimentos que movimentaram o Brasil em 2023, o Em Tempo relembra as principais notícias do ano. 

Desastres ambientais 

Foto: Rovena Rosa

Em fevereiro, chuvas com médias históricas acabaram em deslizamentos e inundações nas cidades de Ubatuba e São Sebastião, em São Paulo. Chuvas no litoral deixou mais de 50 mortos.

Ciclone arrasa Rio Grande do Sul e faz mais de 40 vítimas. O ciclone extratropical que passou por cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina deixou um rastro de destruição na região em outubro.

Após anos de afundamento, mina da Braskem colapsa em Maceió. Em 10 de dezembro, uma das minas da Braskem em Maceió colapsou após dias de preocupação e evacuação na região. Ninguém ficou ferido, mas tema retomou problemática das décadas de exploração de sal-gema na capital alagoana.

No Pantanal, os incêndios voltaram a provocar grandes transtornos e perdas para a biodiversidade. Em outubro e novembro, as chamas consumiram mais de 1 milhão de hectares no bioma, o triplo do que foi registrado em 2022, sendo considerada a maior área queimada no mês de novembro nos últimos 21 anos. 

De acordo com especialistas, o fenômeno El Niño foi o principal agravante para a expansão dos incêndios, associado a fenômenos naturais, como raios, além de chamas causadas pelo homem. 

Brigadas mantidas por instituições que atuam na região lançaram uma campanha para pedir doações e poder seguir com o trabalho de prevenção e combate ao fogo no Pantanal. 

A temperatura média da superfície dos oceanos também atingiu um recorde em 2023. O Copernicus Climate Change Service (C3S), serviço de informação climática da União Europeia, registrou a marca de 20,96°C no dia 30 de julho, a mais alta temperatura média da história, superando a marca de 2016, quando atingiu 20,95ºC. 

O aquecimento das águas dos mares, associado a outras práticas e usos insustentáveis de recursos, tem provocado grande preocupação com a conservação de ecossistemas costeiros e marinhos.

Desmatamento na Amazônia

Foto: Florian PLAUCHEUR / AFP

Apesar da instabilidade climática e desastre ambiental, o desmatamento na região amazônica apresentou uma queda de 42% de janeiro a julho deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. Considerando o período anual de agosto de 2022 a julho de 2023, a redução foi de 22,3%, totalizando cerca de 9.000 km² desmatados. Essa taxa é a menor desde 2019, marcando a gestão do presidente Jair Bolsonaro. 

O desmatamento na Mata Atlântica apresentou uma queda de 59% de janeiro a agosto deste ano em comparação com o mesmo período de 2022, de acordo com dados do Sistema de Alertas de Desmatamento. A área desmatada foi de 9.216 hectares, em comparação com 22.240 hectares registrados no ano passado. Essa tendência de redução já era observada desde o início do ano. Estados como Paraná e Santa Catarina, que costumavam liderar o desmatamento, experimentaram uma queda expressiva de cerca de 60%.

Baixo desempenho na educação 

Foto: Divulgação

Os países ricos tiveram uma queda histórica de desempenho no exame, que avalia os estudantes em matemática, leitura e ciências. O Brasil, no entanto, foi menos afetado do que o resto do mundo. Porém, a educação por aqui ainda está abaixo da média dos outros países.

Segundo o relatório, 73% dos alunos não alcançaram o patamar mínimo de aprendizagem em matemática, 50% não conseguiram em leitura e 55%, em ciências. Os dados são preocupantes. Segundo a Todos pela Educação, organização não governamental e sem fins lucrativos, os “patamares brasileiros são inaceitáveis”.

Um relatório divulgado pelo Banco Mundial este ano realça esses dados. Segundo o documento, a pandemia retirou uma década de avanço na produtividade das crianças brasileiras. Segundo o estudo, o Índice de Capital Humano (ICH) brasileiro caiu, entre 2019 e 2021, de 0,6 para 0,54 — mesmo nível registrado em 2009.

Ensino superior

Foto: Fabio Mazzitelli/ACI Unesp

Os dados educacionais divulgados em 2023 também mostraram que apenas um em cada quatro jovens de 18 a 24 anos entrou na faculdade no Brasil. Segundo o Censo da Educação Superior, 43,4% desses jovens nem terminaram o ensino médio. O desafio também é preencher as vagas ofertadas na educação superior, principalmente nas instituições públicas. Cerca de 25% das vagas não são ocupadas.

Outro ponto de preocupação é o crescimento da Educação à Distância. Os dados revelaram que 72% dos calouros do ensino superior nas instituições particulares estão matriculados em cursos não-presenciais. O crescimento é de 700% em 10 anos. Além disso, dos 789,1 mil alunos ingressantes em cursos de licenciatura em 2022, 81% foram na modalidade de ensino à distância.

Os crimes que marcaram 2023

Ao menos 14 cidades, no Rio Grande do Norte, passaram por momentos de terror em março, quando mais de 200 ataques, incluindo queima de ônibus e depredação de comércios, prédios públicos e outros, foram empreendidos por uma facção criminosa do estado.

Médicos são assassinados no Rio após um deles ser confundido com miliciano. Grupo estava reunido em orla da Barra da Tijuca após congresso em outubro, mas foi alvejado por centenas de tiros. Três médicos morreram, e o que sobreviveu já passou por cinco cirurgias desde então. Os suspeitos do crime foram encontrados mortos em um carro no dia seguinte.

Em dezembro, Zinho, miliciano mais procurado do Rio de Janeiro, se entrega à PF. Com medo de ser executado por facções criminosas rivais, segundo fontes, o miliciano foi preso no dia 24 de dezembro.

Entretanto, os índices de violência no Brasil recuaram nos 10 primeiros meses de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado. Em destaque, estão as reduções dos indicadores de homicídio, feminicídio, lesão corporal seguida de morte, latrocínio, roubo de cargas e de veículos, entre outros. Foram ampliados de nove para 28 os indicadores criminais, incluindo, ainda, números referentes a suicídio, desaparecimento e apreensão de armas e drogas. As informações são fornecidas pelas secretarias de Segurança Pública dos estados e do Distrito Federal.

Violência nas escolas

Foto: Paulo Pinto

O ano de 2023 começou com estatísticas terríveis. Em março, um jovem de apenas 13 anos matou a professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, em um ataque à faca na Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo. Menos de um mês depois, um homem de 25 anos invadiu uma creche e matou quatro crianças em Blumenau (SC).

Este ano, foram registrados 10 ataques a escolas no Brasil. De acordo com levantamento do instituto Sou da Paz, o número é um recorde desse tipo de ataque. O último foi em outubro, quando um adolescente de 16 anos invadiu a Escola Estadual Sapopemba, na zona Leste de São Paulo e atirou em três meninas. O resto do mundo também sofre com o mesmo fenômeno, este mês um ataque a tiros deixou 14 mortos em uma universidade de Praga, na República Tcheca.

De acordo com o governo de São Paulo, em 2023 foram evitados pelo menos 165 ataques a escolas no estado. Já os dados mais recentes do governo federal apontam 400 prisões e apreensões desde 5 de abril, quando foi lançado o programa Escola Segura. De acordo com dados do Instituto DataSenado, 90% dos brasileiros temem que seus filhos ou pessoas próximas sofram algum tipo de violência no ambiente escolar.

Enem 

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2023 teve que ser aplicado duas vezes após alguns candidatos terem sido prejudicados pelo local em que foram colocados para fazer a prova. Um erro da organização do exame fez com que o local da avaliação de alguns estudantes passasse de 30 km de distância da moradia. 

Dengue 

Imagem: shutterstock/Niny2405

Ao longo do ano, chamou a atenção o aumento do número de casos de dengue, especialmente nos Estados do Sudeste e Sul do País. O sorotipo 3 do vírus da dengue também ressurgiu no Brasil, após mais de 15 anos sem causar grandes epidemias no País.

Dessa maneira, especialistas e autoridades sanitárias alertam para o risco de forte epidemia nos próximos meses, devido à baixa imunidade da população, já que poucas pessoas foram infectadas por esse vírus desde os últimos surtos pelo sorotipo 3 no começo dos anos 2000.

No recorte nacional, o Brasil bateu recorde de mortes por dengue no ano de 2023. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde, por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), revelam que foram 1.079 mortes pela doença até o último dia 27.

Na série histórica, também com base no Sinan, o maior número de óbitos no período de um ano completo ocorreu em 2022, quando chegou a 1.053 registros. Em seguida, vem o ano de 2015, com 986 mortes. 

O Ministério da Saúde informou que investirá R$ 256 milhões no fortalecimento da vigilância das arboviroses.

Acidentes aéreos

Doze pessoas morreram em acidente aéreo em Rio Branco, no Acré, no dia 29 de outubro. Segundo o Governo do Acre, dez passageiros —nove adultos e uma bebê— e dois tripulantes —piloto e copiloto—, estavam à bordo da aeronave e morreram no local. Quatro eram da cidade de Envira e seis de Eirunepé. O piloto e o copiloto eram do Pará.

Perdas dos famosos 

Foto: Divulgação

Neste ano, o Brasil perdeu Glória Maria, uma das maiores jornalistas do país. Ícone da TV brasileira, a apresentadora morreu no dia 2 de fevereiro.

Foto: Divulgação

Morreu aos 75 anos Rita Lee, lenda da música brasileira. A Rainha do rock brasileiro, como era conhecida a despeito de não gostar exatamente do título, morreu em 9 de maio. Em autobiografia, Rita Lee já tinha sugerido o próprio epitáfio: “Ela não foi um bom exemplo, mas era gente boa”.

Foto: Divulgação

Faustão fez transplante de coração. O apresentador entrou na fila do SUS por um coração e realizou a cirurgia em agosto. Ele se tornou uma voz ativa pela doação de órgãos.

Foto: Divulgação

Ator Kayky Brito foi atropelado, mas sobrevive. Em cena registrada por câmeras de segurança, o ator ficou gravemente ferido e passou dias na UTI após ser atingido por um carro no dia 2 de setembro. Meses depois, o ator se recupera bem.

Foto: Divulgação

Fã de Taylor Swift morre em show por exaustão térmica. A tragédia marcou a passagem de uma das maiores cantoras pop da atualidade pelo Brasil. Ana Clara Benevides, de 23 anos, morreu no dia 17 de novembro por exaustão térmica em meio a uma onda de calor. Fãs cobram responsabilização da produtora Time for Fun.

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