DESAPARECIDOS Desaparecimento de indigenista e de jornalista do The Guardian no AM: o que se sabe? O desaparecimento ocorreu no trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas EM TEMPO - 06/06/2022 às 20:4406/06/2022 às 20:45 Foto: Divulgação/Funai e Reprodução Twitter/@domphillips Manaus (AM) – A força-tarefa das buscas e investigações envolvendo o desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai), e do jornalista inglês Dom Phillips, correspondente do jornal The Guardian no Brasil, sumidos desde domingo (5), continuam com o reforço de equipes especializadas da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), do Ministério Público Federal (MPF) e do Governo Federal. O desaparecimento ocorreu na região do Vale do Javari, no trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte (distante a 1137 quilômetros de Manaus), no Amazonas. O MPF foi informado pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), na manhã desta segunda-feira (6), do desaparecimento dos profissionais, no extremo oeste do estado. Por meio de nota à imprensa, o órgão informou que instaurou um procedimento administrativo para apuração e acionou a Polícia Federal, a Polícia Civil, a Força Nacional, a Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari e a Marinha do Brasil. A Marinha já confirmou ao MPF que conduzirá as atividades de busca na região, por meio do Comando de Operações Navais. O governo federal também anunciou que vai montar uma operação no município de Tabatinga, no Amazonas, para se concentrar nas buscas. A equipe será integrada por agentes da Polícia Federal, oficiais da Marinha e do Exército, por bombeiros, servidores da Funai, Defesa Civil e Força Nacional de Segurança. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) também se une aos esforços para que sejam localizados o jornalista britânico e o indigenista. A Abraji enviou ofícios às autoridades se juntando aos pedidos de prioridade na elucidação do caso e no resgate dos desaparecidos. A embaixada britânica em Brasília informou que acompanha as buscas e que está em contato com as autoridades brasileiras. Além disso, oferece apoio consular aos familiares do jornalista inglês. A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) comunicou que o indigenista e o jornalista se deslocaram com o objetivo de visitar a equipe de Vigilância Indígena que se encontra próxima a localidade chamada Lago do Jaburu (perto da Base de Vigilância da FUNAI, no rio Ituí), para que o jornalista visitasse o local e fizesse algumas entrevistas com os indígenas. Os dois chegaram ao Lago do Jaburu às 19h25 do dia 3 de junho. No domingo, retornaram para Atalaia do Norte, mas antes pararam na comunidade São Rafael para uma reunião com o comunitário apelidado de “Churrasco”, para a consolidação de trabalhos em conjunto entre os ribeirinhos e a comunidade indígena. Quando chegaram na comunidade viram que “Churrasco” não estava e conversaram apenas com a esposa do comunitário. Depois partiram rumo a Atalaia do Norte, em uma viagem que dura aproximadamente duas horas, mas não chegaram ao município. Conforme a organização, Pereira, que faz parte do quadro da Funai, é uma pessoa “experiente e profundo conhecedor da região” e a dupla viajava em uma embarcação nova, com combustível suficiente para a viagem. Família A família do jornalista desaparecido Dom Phillips publicou um apelo em uma rede social para que o governo federal priorize as buscas aos desaparecidos. 1/2 My partner Sian's brother, Dom Phillips, has dissapeared on a trip in the Amazon. We implore the Brazilian authorities to send the national guard, federal police and all the powers at their disposal to find our cherished Dom.— Paul Sherwood onMastodon as @[email protected] (@paulsherwood6) June 6, 2022 “Imploramos às autoridades brasileiras que enviem a Força Nacional, a Polícia Federal e todos os poderes à sua disposição para encontrar nosso querido Dom. Ele ama o Brasil e dedicou sua carreira à cobertura da floresta amazônica. Entendemos que o tempo é essencial, então, por favor, encontre nosso Dom o mais rápido possível”, escreveu Paul Sherwood, cunhado do britânico. Ameaças Colaboradores da entidade destacaram que a equipe sofria ameaças constantes. Conforme a publicação, a ameaça não foi a primeira, “outras já vinham sendo feitas a demais membros da equipe técnica da UNIVAJA, além de outros relatos já oficializados para a Policia Federal, ao Ministério Público Federal em Tabatinga, ao Conselho nacional de Direitos Humanos e ao Indigenous Peoples Rights International”. Repercussão internacional O porta-voz do jornal The Guardian disse que está acompanhando a situação e segue em contato com as embaixadas brasileira e britânica. De acordo com o Guardian, Phillips trabalha atualmente em um livro sobre o meio ambiente com o apoio da Fundação Alicia Patterson. “O Guardian está muito preocupado e busca urgentemente informações sobre o paradeiro e a condição de Phillips. Estamos em contato com a embaixada britânica no Brasil e com as autoridades locais e nacionais para tentar apurar os fatos o mais rápido possível”, declarou o porta-voz. Por meio de nota, a Human Rights Watch divulgou nota em que diz que está muito preocupada com o desaparecimento e ressaltou que é de extrema importância que as autoridades locais dediquem todos os recursos disponíveis e necessários para as buscas. “É extremamente importante que as autoridades brasileiras dediquem todos os recursos disponíveis e necessários para a realização imediata das buscas, a fim de garantir, o quanto antes, a segurança dos dois”, diz a nota assinada pela diretora do escritório da Human Rights Watch no Brasil, Maria Laura Canineu. Leia mais: Adolescente desaparece ao sair de casa Colônia Antônio Aleixo, em Manaus Equipes policiais vão reforçar buscas por indigenista e jornalista inglês desaparecidos no AM Procon-AM recebe relatório da CPI da Amazonas Energia Entre na nossa comunidade no Whatsapp!